I SÉRIE — NÚMERO 18
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A verdade vem sempre ao de cima. Tal como as pessoas perceberam, ao longo deste ano, que era mentira
o corte dos 1000 milhões de euros nas pensões, também vão perceber, para o ano, como é mentira que vão ter
um aumento de 1000 % no IUC que vão pagar.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Adão Silva.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — Começo por cumprimentar o Sr. Primeiro-Ministro, os Srs. Membros do
Governo, as Sr.as e Srs. Deputados, e vamos passar agora às intervenções.
A Mesa já regista vários pedidos para intervenção. Começamos pelo Grupo Parlamentar do PSD, pelo que
dou a palavra ao Sr. Deputado Hugo Oliveira.
Pausa.
O Sr. Deputado está a pedir que haja mais silêncio na Câmara e eu reitero o pedido do Sr. Deputado para
que possa iniciar a sua intervenção. Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Hugo Patrício Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro: Este é
um Orçamento de faz de conta.
Faz de conta que vai baixar os impostos, mas aumenta os impostos indiretos.
Faz de conta que vai investir na defesa, mas temos assistido a uma degradação das condições que são
colocadas à disposição dos nossos militares — desde o envelhecimento e falta de manutenção dos
equipamentos à diminuição do número de efetivos das nossas Forças Armadas. A proposta de Orçamento do
Estado continua a ser insuficiente para fazer face a estas necessidades. As Forças Armadas continuam a ter
dificuldade em apresentar-se atrativas para os jovens e continuamos a perder militares todos os anos.
É um Orçamento faz de conta para as IPSS, que não conseguem pagar as suas despesas. As IPSS
desempenham um papel decisivo na inclusão social, no combate à pobreza, às desigualdades sociais e é a
quem o Estado recorre para dar as mais variadas respostas sociais. As instituições fazem a sua parte, mas é
preciso que o Governo também faça a sua, o que não está a acontecer.
A comparticipação do Estado tem de ser justa e adequada, e tem de refletir, nos acordos de cooperação, o
impacto do aumento do salário mínimo nacional. Não fazer uma atualização dos acordos de cooperação com
este setor, atendendo à realidade, é pôr em causa a sua sustentabilidade.
É um Orçamento de faz de conta no ambiente. Sr. Primeiro-Ministro, temos um Governo que passa o ano a
prometer um país mais verde e sustentável, mas, quando chega a hora da verdade, o que encontramos é um
Orçamento do Estado completamente cinzento e pardacento, sem ambição ambiental,…
Aplausos do PSD.
… sem estratégia energética, sem vontade de enfrentar as alterações climáticas, sem capacidade para
promover reformas e sem os investimentos necessários nos setores da água, dos resíduos, da proteção do
litoral, da transição energética ou da mobilidade sustentável. No ambiente, o seu Governo é o campeão dos
incumprimentos.
É um Orçamento de faz de conta em matéria de descentralização, com uma descentralização desvirtuada,
onde os autarcas carregam aos ombros a responsabilidade e na qual o total dos custos não é garantido pelo
poder central. Isto significa que quem paga, no fim da linha, são as populações locais.
É um Orçamento de faz de conta na área da cultura. Na cultura, não existe uma aposta que corresponda a
uma dotação orçamental significativa, que foi uma promessa feita pelo PS e pelos seus sucessivos Governos.
A cultura continua a ser o parente pobre deste Governo e continua longe de 1 % do Orçamento do Estado.
Continua aquém das expectativas criadas e das necessidades sentidas.
Quer números, Sr. Primeiro-Ministro? O Orçamento do Estado da cultura cresce 5 milhões, sem a RTP (Rádio
e Televisão de Portugal), e 21,4 milhões com a RTP.