31 DE OUTUBRO DE 2023
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O Estatuto dos Profissionais da Área da Cultura entrou em vigor em janeiro de 2022 e é um autêntico
fracasso. Quantos profissionais da cultura aderiram?
Mas falemos num orçamento de faz de conta no setor do desporto. Sr. Primeiro-Ministro, falta uma política
desportiva para Portugal. É necessário reformar o modelo de financiamento público para este setor. Segundo o
relatório da OCDE e da OMS (Organização Mundial da Saúde), de fevereiro deste ano, Portugal é um dos países
da União Europeia com piores índices de atividade física. A par disso, tem um dos mais baixos índices de
despesa pública per capita no setor do desporto.
Em suma, Sr. Primeiro-Ministro, o seu Orçamento, o seu Governo são de faz de conta. Faz de conta na
saúde, na educação, na justiça e tantas outras áreas. O País em que os portugueses vivem é bem diferente do
País em que o Sr. Primeiro-Ministro vive. É caso para dizer «António Luís no país das maravilhas».
Portugal e os portugueses merecem mais. Poupe os portugueses ao terror de um Orçamento digno do
Halloween. Sr. Primeiro-Ministro, seja justo, mas seja justo e respeite as dificuldades por que passam milhares
de portugueses. Gostava tanto — mas gostava tanto! —, Sr. Primeiro-Ministro, que este fosse o seu amor de
inverno.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — O Sr. Deputado tem um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Pedro
Anastácio, do Partido Socialista, a quem passo de imediato a palavra.
O Sr. Pedro Anastácio (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro Srs. Membros do Governo, Sr.
Deputado Hugo Oliveira, obrigado pela sua intervenção. Queria dizer-lhe o seguinte: a crítica e o tom discordante
das famílias da direita portuguesa, em relação ao Orçamento, dizem-nos algumas coisas.
Cinco minutos após conhecer o Orçamento, alguma direita disse que votava contra, o que nos demonstrou,
desde logo, estarmos perante um Orçamento bom para as pessoas.
Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto.
Um Orçamento com que a oposição convive mal tende a ser bom para os portugueses, e isso explica a forma
como a sua crítica fugiu ao Orçamento.
O Sr. Primeiro-Ministro já nos falou, hoje, sobre a proposta do IRS e a forma como o PSD a tratou e a fez
enterrar, como se de um amor de verão se tratasse, quando viu que tinha pouca ambição e que o Governo tinha
conseguido fazê-la mais justa.
Diria mais, Sr. Deputado, como nos falou de amores de verão, queria perceber, junto do PSD, qual é a
intensidade do amor que tem sobre este Orçamento.
Já sabemos que o Orçamento tem quatro marcas de água muito claras: mais rendimento das famílias
portuguesas, mais investimento nos serviços públicos, mais reforço do Estado social com mais — e mais
abrangentes — prestações sociais, menos endividamento público. Perante isto, pergunto ao PSD: qual é a
intensidade do amor que tem?
Parece, Srs. Deputados do PSD, que estamos perante um caso de amor platónico, daqueles em que muito
se sonha, muito se pensa, mas que nunca se alcança. Aliás, hoje, o Orçamento é aquele rapaz ou rapariga que
o PSD encontrou na praia, se encheu de força para lhe falar, mas nunca conseguiu que lhe saísse uma palavra
— uma palavra!
Hoje, os portugueses sabem que existem duas diferenças entre o PS e o PSD: com o PSD discutimos onde
é o recuo e a dor que causa, com o PS discutimos qual é o avanço e onde alivia a vida das pessoas.
Aplausos do PS.
Depois do diabo, que afinal não veio, dos casos e dos casinhos e das propostas por antecipação que foram
sempre mais parcas do que as do Governo, dos impostos máximos e serviços mínimos que, afinal, são impostos
mais baixos e serviços mais altos do que os do PSD, depois do «pipi», do «betinho» e do «arranjadinho»,