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I SÉRIE — NÚMERO 22

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O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Srs. Deputados, entre 2015 e 2024, as receitas fiscais e contributivas

orçamentadas vão crescer 34 500 milhões de euros. É mais 54 % do que em 2016. Repito: 34 500 milhões de

euros, 54 %. Não há inflação, não há emprego — que, aliás, cresce miseravelmente — que justifique isto. É

óbvio que isto tem de ser sinónimo de uma cada vez maior fatia de impostos e contribuições na riqueza nacional.

É claríssimo!

Nunca passa pela cabeça nem do Ministro Fernando Medina nem de qualquer Deputado socialista que, se

há receitas constantemente a subir, talvez seja boa ideia devolver algum desse dinheiro às pessoas e, talvez,

pensar em olhar para a despesa pública e baixá-la. Vamos, neste Orçamento para 2024, mais uma vez bater o

recorde de despesa pública: mais de 44 %. Também aqui há uma fatia da riqueza nacional nunca vista: 44 %.

A segunda coisa que ficou evidente nas audições de especialidade é que a despesa pública vai atingir, de

acordo com o Orçamento para 2024 — o número é grande, atenção! —, 123 mil milhões de euros. Esta despesa

pública, como ficou claro nas audições, não é, regra geral, objeto de nenhum plano, de nenhuma avaliação, de

nenhuma estimativa de retorno, de nenhuma revisão efetiva. Perguntei vezes sem conta a ministros sem conta

como é que sabiam que os programas e os planos e as estratégias estavam a funcionar: nenhum deles tinha

objetivos para comparar. Estão a ser gastos 123 mil milhões de euros sem se saber se estão a ser bem gastos.

Portanto, da próxima vez que nos perguntarem — se calhar, é já daqui a uns minutos — como é que pagamos

as nossas reformas fiscais e a nossa baixa de impostos, os Srs. Deputados não acham, francamente, que em

123 mil milhões de euros gastos sem avaliação não haverá maneira de pagar uma reforma fiscal como deve

ser?!

O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Isso mesmo!

A Sr.ª Patrícia Gilvaz (IL): — Muito bem!

O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Se Medina, pelo menos, percebe aquilo que anda a fazer, mas prefere

não devolver dinheiro nenhum, acho que o Primeiro-Ministro António Costa nem devolve, nem percebe, porque

diz esta coisa espantosa na abertura do Orçamento: «O PS já baixou o IRS em 4500 milhões de euros.»

Vamos lá ver — e atenção ao Polígrafo! — se isto faz algum sentido: o IRS, em 2015, era de 13 100 milhões

de euros; para o ano será, dizem os senhores, de 18 100 milhões. Subiu 5000 milhões de euros! Mas diz o

Primeiro-Ministro que, se não fossem eles, teria crescido 9500 milhões de euros. Ou seja, teria crescido 72 %.

Não há hipótese nenhuma de explicar isto, senão como sendo uma loucura.

Como é possível os senhores acharem que há subidas de massa salarial, ou de emprego, ou até de

progressividade fiscal que justificassem essa subida? A conclusão é: o PS não sabe o que anda a fazer e, como

encara os impostos como uma maneira de pagar a despesa que não controla nem quer controlar, pelos vistos,

isto é sempre fácil: gasta-se um bocado mais, vai-se cobrar um bocado mais de impostos.

Isto é mais ou menos o total inverso do País que a Iniciativa Liberal gostava que existisse e que teremos de

construir, a começar já em 10 de março. Queremos um País que cresça e que funcione, mais dinheiro no bolso

das pessoas, mais cultura de avaliação, mais cultura de responsabilidade e muito maior simplicidade em todo o

sistema fiscal, a começar no IRS.

Um só IRS, propomos nós neste Orçamento. Um só, porque um sistema fiscal, nomeadamente um IRS, que

não serve para todos acaba por ser injusto, por não ser justo para ninguém.

Propomos um IRS mais baixo: todos vão pagar menos do que o valor na atual proposta do PS, sobretudo

aqueles que estão entre o escalão de isenção e o 1.º escalão do IRS. Será mais simples, com apenas três

escalões e apenas duas taxas: 15 % de taxa única até ao dobro do salário médio, o que, infelizmente, em

Portugal, ainda não é dizer muito, mas lá chegaremos; é um primeiro passo.

Será mais justo, porque eliminamos benefícios, exceções e consignações, e não discriminamos, porque

eliminamos também os vários programas que existem: IRS Jovem, residentes não habituais, programa

Regressar… Ficará tudo debaixo do mesmo IRS.

O Sr. Duarte Alves (PCP): — E as taxas autónomas?!