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27 DE JUNHO DE 2023

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aumentar a utilização no SNS desses equipamentos robóticos, investindo na sua aquisição, apostando

também fortemente na capacitação dos médicos que praticarão essa forma de cirurgia, já que a formação e a

experiência são evidentemente indispensáveis para a correta utilização dos mesmos.

Já as tecnologias baseadas na inteligência artificial, que também oferecem enormes potencialidades para

os sistemas de saúde, designadamente em termos de rapidez, precisão, eficiência e mesmo de obtenção de

informação, devem ser introduzidas com cuidadosa ponderação, já que podem suscitar não negligenciáveis

questões e problemas éticos, designadamente na sua relação com os profissionais de saúde e os próprios

pacientes.

Por sua vez, em matéria de informação clínica dos utentes, apesar de há muito prometida a implementação

do denominado processo clínico único, facto é que os cidadãos portugueses continuam a não poder dispor de

um registo que permita o acesso ao seu histórico clínico e seja acessível tanto pelos serviços públicos, como

privados de saúde, evidentemente com o seu consentimento e salvaguarda de privacidade, e num contexto

em que se lhe encontrem a ser prestados cuidados de saúde.

A existência do processo clínico único tem, para além da inegável vantagem de desmaterializar os dados

de saúde do utente, ainda a virtualidade de integrar a sua informação clínica, reduzindo, igualmente, o

desperdício e a reprodução desnecessária dessa informação e, acima de tudo, permitindo a sua utilização

anonimizada, até com finalidades epidemiológicas.

Por outro lado, urge que o sistema de saúde português incorpore as significativas transformações

estruturais que se estão presentemente a verificar nos países mais desenvolvidos, abraçando um novo

paradigma de resposta ao doente, desde a recolha e monitorização de indicadores de gestão clínica à partilha

de dados entre instituições e níveis de cuidados e mesmo à sua utilização para contextos devidamente

controlados de investigação.

Se é verdade que os dados são o recurso-chave do Século XXI, então é urgente reconhecer que, sem

dotarmos o SNS e as estruturas adjacentes de capacidade infraestrutural para recolher, processar e utilizar

esses dados no dia-a-dia de forma atempada, robusta e segura, então nunca conseguiremos alcançar essa

nova janela de oportunidade e, assim, garantir um SNS preparado para o futuro.

Contudo, essencial para tudo o que se acaba de referir é, no entanto, que o grau de execução do

investimento orçamentado aumente significativamente no SNS, ao contrário do que tem sucedido nos últimos

anos.

E, com efeito, a despesa com a saúde em Portugal é mais baixa que a da média europeia, particularmente

se considerarmos em exclusivo para o investimento público em saúde, uma realidade que, apesar de

indesejável, por si só não justifica a quebra de serviço existente.