O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 249

38

atualmente um desafio para o sistema de saúde pois afeta a vida de muitas mulheres no nosso País.

Na Europa, 10 000 por cada 100 000 mulheres são diagnosticadas com cancro do ovário todos os anos, e

é a 5.ª causa de morte, a seguir ao cancro da mama, pulmão, cancro colorretal e cancro do pâncreas. Embora

não seja um dos cancros mais comuns entre as mulheres, é importante destacar que este tipo de cancro

possui uma alta taxa de mortalidade.

Em Portugal, segundo os dados do Registo Oncológico Nacional referentes a 20191, que reflete a realidade

epidemiológica do cancro em Portugal, ocorreram cerca de 501 novos casos de cancro do ovário. Afeta

maioritariamente mulheres pós-menopáusicas, com idades superiores a 50 anos, e é a 7.ª causa de morte

entre mulheres portuguesas2.

O cancro do ovário é muitas vezes diagnosticado em estadios de evolução avançados devido à falta de

sintomas específicos e ao fato de que os sintomas iniciais podem ser confundidos com outras condições,

levando as doentes a desvalorizá-los. Este facto que conduz ao diagnóstico tardio, resulta posteriormente em

desafios no tratamento eficaz e numa redução na taxa de sobrevivência das doentes. Segundo o médico

especialista Dr. Henrique Nabais, da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, «oito em cada dez casos são

detetados em estado avançado»3.

O estadiamento do cancro do ovário é essencial para determinar a extensão da doença e orientar o plano

de tratamento. O sistema de estadiamento mais comumente utilizado é o sistema FIGO (Federação

Internacional de Ginecologia e Obstetrícia), que classifica o cancro do ovário em quatro estadios4 principais:

• Estadio I: Neste estadio, o cancro está restrito aos ovários, e divide-se em dois subestadios, «IA» quando

tumor está limitado a um ou ambos os ovários e o subestadio «IB», se também estiver presente na

superfície externa dos ovários.

• Estadio II: Neste estadio, envolve um ou ambos os ovários, além de estender-se às estruturas

adjacentes, como o útero, trompas de falópio ou outros tecidos pélvicos.

• Estadio III: classifica-se quando se espalhou para além da região pélvica afetando órgãos intra-

abdominais. Também este se subdivide em três subestadios, «IIIA», «IIIB» e «IIIC», quando o cancro

está presente revestimento abdominal, diafragma e gânglios linfáticos regionais, respetivamente.

• Estadio IV: o estágio mais avançado à disseminação de células cancerígenas em órgãos distantes, como

o fígado, pulmões ou outros órgãos fora da cavidade abdominal. O subestadio «IVA» indica

envolvimento do baço, enquanto o «IVB» se refere a metástases em outros órgãos.

Atentamos aos dados da sobrevivência por cancro do ovário, que são consideravelmente diferentes

consoante o estadio da doença:

• Na doença localizada (estadios I-III), a sobrevivência aos 5 anos é de 50 %,

• Na doença metastizada (estadio IV) a sobrevivência é de apenas 15 %.

A deteção precoce do cancro do ovário continua a ser um desafio significativo, pois a taxa de mortalidade

associada a esta doença permanece alta. Infelizmente, os testes disponíveis atualmente apresentam

limitações em termos de sensibilidade e especificidade, o que significa que ainda continuamos sem um

método eficaz de rastreio5.

Acresce referir que o cancro do ovário é considerado o cancro ginecológico com maior taxa de mortalidade

em Portugal. Segundo a Associação Movimento Oncológico Ginecológico, estima-se que ocorram em média

600 novos casos por ano, dos quais 3806 resultam em mortes diretamente relacionadas com esta doença.

Esta alta taxa de mortalidade sublinha a importância de aprimorarmos as estratégias de diagnóstico

precoce bem como o acesso a tratamentos mais eficazes que permitam melhorar a sobrevivência das

doentes.

A importância de testes genéticos é também de ressaltar, isto porque 15 a 20 % dos cancros do ovário

1 Cfr. Registo Oncológico Nacional-2019 Pág. 57 2 Cfr.Cancro-online.pt 3 Cfr. Noticias ao Minuto – cancro-do-ovario-morrem-muitas-mulheres-mais-de-400-por-ano 4 Cfr. Estadios 5 Crf. Mota F. Compêndio de ginecologia oncológica. LIDEL. 2012;259-87. 6 Cfr. MOG-Associação Movimento Oncológico Ginecológico