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13 DE DEZEMBRO DE 2024

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Apesar de sua importância nutricional, as leguminosas continuam subaproveitadas na agricultura

portuguesa. Esses cultivos oferecem múltiplos benefícios ambientais, como a fixação de nitrogénio atmosférico

no solo, a redução da necessidade de fertilizantes sintéticos e a melhoria da qualidade do solo. Além disso,

são fundamentais para a diversificação das culturas e o aumento da resiliência do sistema alimentar às

mudanças climáticas. No entanto, faltam incentivos e apoio político para que os agricultores portugueses

adotem o cultivo de leguminosas em maior escala.

Paralelamente, a dieta portuguesa é predominantemente baseada em alimentos de origem animal.

Aumentar o consumo de leguminosas, frutas, verduras e cereais integrais é uma recomendação recorrente em

relatórios de saúde pública e nutrição, sendo fundamental para combater doenças como obesidade, diabetes e

doenças cardiovasculares, cujas taxas têm aumentado no País.

Em Portugal, diversas organizações ambientais, num projeto denominado Proteína Verde, uma iniciativa

que, em parceria com mais de 15 organizações portuguesas e europeias, pretende a implementação de

políticas públicas que promovam uma maior produção e consumo de proteína de origem vegetal em prol do

ambiente, clima e saúde pública, uniram-se na elaboração de uma Carta Conjunta3, que solicita a

implementação de uma estratégia nacional para promover o consumo de proteína vegetal. Esta carta reflete

um esforço coordenado para promover uma transição para sistemas alimentares mais sustentáveis e conta

com o apoio de associações como a ZERO, a Associação Vegetariana Portuguesa (AVP), a Quercus, ANP –

WWF, ACSA, ASPEA e GEOTA.

A carta conjunta defende que uma estratégia nacional para promover o consumo de proteína vegetal é

essencial para alcançar as metas ambientais e de saúde pública estabelecidas pela União Europeia. Entre as

principais recomendações da carta estão:

● Incentivo ao cultivo de leguminosas e outros alimentos de base vegetal, através da implementação de

programas de apoio financeiro e técnico aos agricultores. A carta argumenta que, com o suporte

adequado, Portugal poderia não só reduzir a dependência de importações, mas também tornar-se um

exportador de leguminosas de qualidade;

● Criação de incentivos fiscais que promovam o consumo de alimentos de base vegetal, com redução de

impostos sobre frutas, hortaliças e leguminosas;

● Apoio ao desenvolvimento de alternativas vegetais à proteína animal, incluindo o financiamento de

inovações no setor agroalimentar que possam oferecer produtos saudáveis, acessíveis e sustentáveis;

● Educação e formação nas escolas e cantinas públicas, com a introdução de refeições de base vegetal

nos menus e a capacitação de equipas de cozinha para a preparação dessas refeições;

● Criação de um fundo de transição justa agroalimentar, que ofereça suporte financeiro aos agricultores que

queiram adotar práticas mais sustentáveis, incluindo o cultivo de leguminosas e outros alimentos de

base vegetal.

A carta enfatiza que uma estratégia desse tipo não é apenas necessária para atender às demandas

ambientais, mas também para promover uma transição justa no setor agroalimentar, garantindo que os

produtores tenham o suporte necessário para adotar novas práticas e tecnologias.

A promoção de alimentos de base vegetal, com ênfase nas leguminosas, oferece diversos benefícios. A

produção de leguminosas consome menos água, emite menos GEE e melhora a saúde dos solos.

A eficiência energética da produção de carne e laticínios é definida como a percentagem de energia

(calorias) dos insumos de ração que é efetivamente convertida em produto animal. Por exemplo, um porco tem

uma eficiência de 9 %, o que significa que 9 % das calorias dos insumos de ração são convertidas em produto

para consumo humano, enquanto os outros 81 % são «alimentos» perdidos no processo de conversão.

Em contraste com a pecuária, que é responsável por 53 % das emissões de metano na agricultura, as

leguminosas são uma opção significativamente mais ecológica. Além disso, promovem a biodiversidade

agrícola e a rotação de culturas, contribuindo para a resiliência dos ecossistemas.

A promoção de uma estratégia nacional focada em alimentos de base vegetal e no incentivo ao cultivo de

leguminosas é uma necessidade urgente que responde a múltiplos desafios enfrentados tanto em Portugal

quanto no contexto europeu e global.

3 Proteína Verde