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105 | II Série B - Número: 066 | 22 de Dezembro de 2012

mais de dois anos, tendo esse período de tempo sido fulcral na perda de valor do banco41. A questão do Valor Atualizado Líquido torna-se portanto perniciosa, uma vez que em junho de 2009, o VAL da integração otimizada na CGD ascendia a 244 M€, valor acima do qual se recomendava a venda do banco.
A este propósito, e sobre a desvalorização generalizada da banca, o Dr. Francisco Bandeira, na audição de 20 de julho de 2012, interroga-se: «Além disso, quando comparamos julho de 2008 com julho de 2012, quanto é que a banca perdeu no seu valor global? Refiro-me ao seu valor bolsista, à capitalização bolsista. O BPN perdeu mais do que proporcionalmente relativamente a isso?» De facto, de acordo com diversas fontes42, entre a falência da Lehman Brothers em 2008 e o primeiro semestre de 2011, a capitalização bolsista dos principais bancos portugueses afundou 40%, o que corresponde a uma quebra de cerca de 5000 M€.
Da audição ao Dr. Miguel Cadilhe, em 15 de maio de 2012, é possível concluir que o antigo governante era defensor da opção de integração do BPN na CGD, após concretizado o ato da nacionalização: «ao que chegou o BPN, eu defenderia essa solução [a da integração]».
O economista levantou ainda algumas reservas quanto ao legítimo interesse daqueles que haviam elaborado o estudo, isto é se:

«fosse administrador da Caixa Geral de Depósitos, não gostaria que me mandassem integrar o BPN na Caixa Geral de Depósitos. Mas uma coisa é o gosto ou o contragosto da administração da Caixa Geral de Depósitos e dos seus quadros superiores, outra coisa é o interesse do País». Considera ainda que «do ponto de vista económico e financeiro, do ponto de vista das finanças públicas, penso que seria a melhor solução. A única objeção é quanto àquilo que é a Caixa Geral de Depósitos e àquilo que é o BPN, em termos de rede comercial, por exemplo, ou em termos de quadros. Ou seja, haveria a objeção, dentro da Caixa Geral de Depósitos, de que resultaria da Integração uma certa pequena redundância».
Quanto aos argumentos utilizados no depoimento, o Dr. Miguel Cadilhe não se baseia tanto na análise custo-benefício, mas sim na questão da transparência e clareza da alternativa da integração do BPN na CGD: «Era a solução mais limpa e mais límpida, isto é, mais percetível e mais pacífica para todos — para os contribuintes, para os eleitores, para a inteligência nacional» O Dr. Vítor Constâncio, em 08 de junho de 2012, também se refere, parcialmente, às razões que poderiam levar à integração do banco na CGD: «Outro aspeto da integração, que poderia ter funcionado, é o facto de, estando completamente integrado no grupo Caixa, através de aumentos de capital da Caixa Geral de Depósitos, isso corresponder a aplicações financeiras numa instituição que continuava perfeitamente solvente depois dessa absorção e, logo, poderia não ter que ir ao défice orçamental. Enfim, havia algumas razões com argumentos para um lado, havia, também, razões pertinentes para a opção que foi tomada.» A principal linha de argumentação que a maioria dos depoentes utilizou para refutar a integração do BPN na CGD é a ausência de sinergias e a considerável redundância, e o consequente desinteresse comercial para a CGD na incorporação do Banco Português de Negócios.
Na audição de 29 de maio de 2012, o ex-Ministro de Estado e das Finanças, Prof. Dr. Teixeira dos Santos, afirma: «quando a nacionalização foi feita, foi assumido um compromisso político de devolver o Banco ao mercado o mais rapidamente possível. Daí que o Governo assumisse como objetivo a privatização do Banco e não integrar o Banco na Caixa, porque entendíamos que deveríamos devolver ao setor privado um Banco que foi nacionalizado por razões de emergência, mas cuja nacionalização também tinha uma natureza transitória de solução do problema e daí esse compromisso de privatização.» Refere ainda que, com o desenrolar da crise, e da identificação da situação real do banco, a integração do BPN na CGD deixa de fazer sentido: «Quando se começa a ter a perceção da real dimensão da situação financeira do Banco, é evidente que um cenário de integração do Banco no Grupo Caixa Geral de Depósitos é muito menos atrativo do que aquele 41 «Quanto à questão da destruição do valor, um banco que está nas condições em que estava o BPN tendo sido nacionalizado, num cenário macroeconómico adverso, em situações difíceis do sistema financeiro, todo o tempo que decorre resulta em destruição de valor», (SETF, audição de 11.05.2012) 42 http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/banca-bancos-crise-capitalizacao-bolsista-bolsa-agencia-financeira/1261191-4058.html; http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1837585;