O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

81 | II Série B - Número: 066 | 22 de Dezembro de 2012

contrato-promessa de compra e venda, que não era o que tínhamos proposto, fazendo tábua rasa do nosso.
Com isto, ganhei as férias de agosto, passei duas semanas de agosto no Algarve — aliás, a telefonar à Sr.ª Secretária de Estado a perguntar quando é que vinha o texto. Mas, feliz ou infelizmente, não fui importunado e só depois percebi o que se passava.
Esse gabinete jurídico resolveu fazer, da estaca zero, uma nova proposta e, como é fácil perceber, quando essa proposta é feita e nos é entregue no princípio de setembro, eu nem queria acreditar! Porque aquela proposta não coincidia em nada com o consenso que tinha sido estabelecido em 31 de julho. Isto é, um gabinete que está de fora e que não tinha participado nas negociações interpretou à sua maneira o acordo e o consenso estabelecido e fez uma nova proposta que tinha condições inaceitáveis.
Aí, tive de dizer à Sr.ª Secretaria de Estado que nós não aceitávamos aquele texto, que não estava em condições, tinha coisas que não tinham sido previstas — e eu já vos digo uma delas — e, então, recomeçaram as negociações com uma lógica do lado dos negociadores, por parte do Governo, que achei estranha.
A minha lógica era esta: a gente entregou uma proposta ao Governo, tudo o que o Governo não contestou é porque está acordado; o que contestou é que vai ser objeto de negociação, como foi, e teve um novo consenso. Portanto, eu achava isto pacífico.
O que é que este gabinete de advogados fez? Tudo o que não discutimos com o Governo tem de ser discutido de novo, não está acordado, e só não se discute o que já estava acordado, ou seja, partiu do princípio que tudo o resto» (») Então, andámos vários meses a partir pedra (») E há um belo dia em que digo à Sr.ª Secretária de Estado: “Sr.ª Secretária de Estado, eu não tenho mais paciência para este filme. Acabou! Eu não avanço mais nada.
Se o Governo não consegue cumprir o que acordou em 31 de julho eu, como gestor (não sou acionista no banco), tenho de transmitir aos meus acionistas que os Srs. não cumprem o acordado em 31 de julho, chamase cá o meu presidente do conselho de administração, que é também acionista e que age, como é óbvio, em esquemas de corporate governance, como presidente dos acionistas – porque eu sou gestor profissional —, e ele negoceia com a Sr.ª Secretaria de Estado se aceita ou não os novos termos.” (») Portanto, por mim, fechei a loja: “Fazem favor, desculpem, chamem o Dr. Fernando Teles, de Luanda, para tratar do assunto”. E assim foi: o Dr. Fernando Teles foi chamado de Luanda para tratar do assunto numa reunião – tenho aqui a data, porque fui buscar a agenda do ano passado — a 21 de novembro de 2011.
Presenças: eu, o Dr. Fernando Teles, como presidente do conselho de administração, o meu CFO, que era o negociador, Dr. Jaime Pereira, e a Sr.ª Secretaria de Estado do Tesouro e das Finanças.
A Sr.ª Secretaria de Estado disse: “Lamento, mas não posso cumprir o acordo”. Uma das cláusulas que a Sr.ª dizia que não podia cumprir era a cláusula do acordo de empresa.
O BPN tinha um contrato coletivo de trabalho e nós, no BIC, tínhamos um acordo de empresa negociado com os sindicatos, portanto não é nada de estranho, e acordado pacificamente com os sindicatos, que achámos que era melhor do que o contrato coletivo que vinha do BPN e, portanto, queríamos que os trabalhadores do BPN, ao comprá-lo, fossem integrados no contrato do BIC O Governo dizia que não podia fazê-lo. Tive de dizer á Sr.ª Secretária de Estado: “Não percebo! Então, o Governo – pelo que veio nos jornais —, por despacho, reduz vencimentos no setor empresarial do Estado e agora, num banco falido, não quer, por despacho, acabar com o contrato coletivo de trabalho do BPN, diz que não pode fazê-lo? Não percebo! Acho que vocês estão com falta de boa vontade para resolver isto. A gente só fica se for assim”. Foi uma das cláusulas que a Sr.ª Secretária de Estado disse que não podia resolver, e o Dr.
Fernando Teles disse: “Então, o assunto está arrumado, nós não compramos o BPN, o negócio está rompido”.
Isto passou-se a 21 de novembro de 2011.
(») Qual não é a minha surpresa quando, na quarta-feira de manhã, às 8 horas e 15 minutos, portanto, estamos a falar do dia 23 de novembro, o Sr. Primeiro-Ministro me telefona a pedir se eu podia passar por São Bento, às 19 horas.
Fiquei surpreendido porque o Sr. Primeiro-Ministro, desde que tinha chegado ao Governo, nunca mais me tinha telefonado. Portanto, fiquei surpreendido pelo facto de o Sr. Primeiro-Ministro me telefonar, não estava à espera de tanta honra, e disse-lhe que às 19 horas não podia, tinha uma reunião na Universidade às 18 horas, mas que estaria lá às 19 horas e 30 minutos. E assim aconteceu.