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53 | II Série GOPOE - Número: 005 | 14 de Novembro de 2007

A Sr.ª Ministra da Cultura: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Feliciano Barreiras Duarte, muito obrigada pelas questões que colocou, às quais responderei exactamente pela ordem em que as fez.
Antes de mais, começaria por falar um pouco sobre a exposição «Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Hermitage — De Pedro, o Grande, a Nicolau II», que, ao contrário do que o Sr. Deputado referiu, não corresponde à instalação do Museu Hermitage em Portugal, mas apenas a uma exposição de três que decorrem de um protocolo de intenções assinado pelo Instituto dos Museus e da Conservação e pelo Museu Hermitage de São Petersburgo. Portanto, trata-se de um protocolo de intenções que visa, isso sim, a criação, ou a possível criação, em 2010, de um pólo do Museu Hermitage em Portugal. Esta é apenas a primeira dessas três exposições e só quando terminar a execução desse protocolo é que será decidida, ou não, a abertura desse pólo.
Queria dizer-lhe que uma das razões pelas quais este projecto da possível criação de um pólo do Museu Hermitage em Portugal foi acarinhado pelo Ministério da Cultura e posto no terreno pelo Instituto dos Museus e da Conservação foi exactamente o facto de Portugal, ao contrário do que o Sr. Deputado acaba de afirmar, ser um país rico em património imóvel mas com muitas limitações no que diz respeito ao património móvel. Isso sucede por duas razões muito simples: porque sofreu um terramoto no Século XVIII e porque sofreu as invasões francesas no início do Século XIX.
Isso faz com que não sejamos propriamente um país rico em arte antiga móvel. E pareceu-me, a mim e ao IMC, que a possibilidade de virmos a ter um pólo do Museu Hermitage em Portugal – que é só, Sr. Deputado, um dos melhores museus do mundo, provavelmente com o maior acervo de arte do mundo – seria interessante para os portugueses, que, dessa forma, teriam mais acesso a desfrutar arte, e não apenas a antiga. Reportei-me agora à arte antiga, mas podia também reportar-me à arte moderna, designadamente à arte do Século XX, em que as colecções dos museus portugueses são particularmente contidas, para não dizer uma expressão um pouco mais forte, contenção que decorre, de resto, de uma política que conhecemos, que foi muito própria do Século XX, de uma maneira geral, e muito especialmente da segunda metade do Século XX, de recusa de abertura à arte moderna e à arte contemporânea.
Portanto, parece-nos ser um enriquecimento para os portugueses poder facultar-lhes o acesso à arte internacional de uma forma próxima. Não são todos os portugueses que podem, evidentemente, ir ver exposições no exterior, embora, felizmente, seja cada vez mais possível fazê-lo particularmente na vizinha Espanha, bem como em França e na Inglaterra.
Além disso, ao contrário também do que o Sr. Deputado diz, não são países pobres em património que têm contratualizado a abertura de pólos do Museu Hermitage. Basta pensar nos casos da Inglaterra ou da Holanda, e possivelmente, num futuro próximo, no caso de Itália, para vermos à evidência que não é assim.
O que referi foi para lhe dizer das razões por que me parece interessante vir a ter um pólo do Museu Hermitage em Portugal.
Passo agora a reportar-me ao orçamento desta exposição, questão que preocupou especialmente o Sr. Deputado.
Esta exposição teve custos de financiamento perfeitamente banais, se pensarmos nas grandes exposições que se internacionalizam e que circulam na Europa. Desafio-o a ir ver o custo, por exemplo, da exposição de Paula Rego, que está no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, ou da exposição do humanismo alemão, em torno de Dürer e Cranach, que está no Museu Thyssen-Bornemisza, só para falar da vizinha Espanha.
Portanto, desafio-o a saber o orçamento dessas exposições, para comparar com o orçamento desta exposição, que é perfeitamente banal.
Este orçamento foi, como o Sr. Deputado disse, e como publicamente referimos, de 1,5 milhões de euros.
Para este orçamento o IMC e o Ministério da Cultura encontraram financiamento em apoio mecenático na ordem de 1,250 milhões de euros; mecenato que, como é óbvio, foi possível exactamente porque se trata de uma grande exposição que põe Portugal na rota das grandes exposições internacionais. E a prova de que põe é que no pouco tempo que medeia entre o dia de abertura da exposição e o domingo passado houve 27 000 visitantes. Isto significa que, obviamente, os portugueses têm expectativas relativamente à fruição de exposições deste tipo.
Queria ainda dizer-lhe que esta exposição é um projecto que o Instituto dos Museus e da Conservação acarinhou de um modo especial escolhendo-o, inclusivamente, para reabrir a Galeria D. Luís, agora requalificada.
Ela foi requalificada não especificamente para esta exposição, mas porque precisava de sê-lo, e o orçamento para esse efeito foi da ordem de 900 000 €.