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14 DE MARÇO DE 1947 841

o que vou enunciar, e depois se ler», para não cansar agora V. Ex.ªs com a leitura de todos os números.

[Ver Tabela na Imagem]

(a) 1031-1946.

Os números referem-se a quilogramas e mostram que, tendo havido no período citado uma diminuição de 54 por cento no fabrico de manteiga, aumentaram em contrapartida as quantidades dos outros produtos nas percentagens de 272 para o queijo, 170 para o leite em pó, 237 quanto a farinhas lácteas, 379 no que respeita a caseína e, em período mais curto, de 1941 a 1945, o leite condensado, que teve um aumento de 381 por cento.
Ao mesmo tempo -já o disse também aquele ilustre Deputado -, a quantidade de leite trabalhado anualmente, em litros, desceu de 1939 para 1945 de mais de 14 milhões de litros, exactamente 14.363:730 litros.
O número de vacas, por sua vez, devido exactamente à má remuneração do preço do leite, por muito que isso custe a quem vem para a imprensa dizer que o facto é devido à falta de forragens, baixou também de 2:631 de 1941 para 1945, número este ultimamente confirmado pelo engenheiro agrónomo Pires de Lima nas entrevistas concedidas a um jornal de Lisboa, pois nos seus interessantes estudos aponta o número de 3:000 vacas a menos até ao presente.
Simultaneamente acontece que o lavrador procura defender-se, e, apesar de muitos dizerem que é inútil ou fora dos nossos hábitos a organização sobre a forma de cooperativas, eu trago a V. Ex.ª números que podem demonstrar justamente o contrário, embora muito se tenha feito para impedir ou dificultar o trabalho dessas cooperativas.
Bem presente, aliás, está em todos nós o caso tão chocante da Cooperativa da Murtosa.
Como vou demonstrar, nessas cooperativas aumentou o volume de leite trabalhado, ao contrário do que sucedeu e sucede nas organizações industriais.

O Sr. Mário de Figueiredo: - V. Ex.ª dá-me licença?
É para pedir a V. Ex.ª que esclareça a Assembleia, som que eu de maneira nenhuma queira pronunciar-me pró ou contra as cooperativas, sobre isto: estão a funcionar, visto que está vedada a hipótese da Cooperativa da Murtosa, em Portugal três cooperativas. Era conveniente que a Assembleia ficasse esclarecida sobre o que representa o valor industrial dessas cooperativas que estão a funcionar.
Se V. Ex.ª não conhece suficientemente a questão neste aspecto, e, sem ofensa, suponho poder admitir essa possibilidade, não tenho dúvidas em me substituir no esclarecimento a V. Ex.ª
Não sou por nem contra as cooperativas.
Acho, porém, que é preferível muitas vezes tirar a lógica, numa organização económica, de um princípio, mesmo que seja errado, do que regressar ao início e deitar abaixo tudo o que se construiu.

O Orador: - Agradeço ao Sr. Deputado Mário de Figueiredo o seu apontamento e é natural que S. Ex.ª seja mais completo do que eu no pormenor.
Direi, no entanto, a S. Ex.ª que, deixando acabar as minhas considerações, talvez o problema se lhe apresente de uma forma inteiramente diversa.
Se depois se verificar que estou equivocado, agradecerei quaisquer novos elementos que o Sr. Deputado Mário de Figueiredo ou qualquer outro Sr. Deputado queiram aqui trazer.
A meu ver, o que se deve é pôr o problema com toda a clareza, sem nenhuma espécie de rodeios, até mesmo para que o Governo fique completamente elucidado.
Estava eu a referir-me aos números que aqui tenho, relativos ao funcionamento de três cooperativas, números que igualmente penso deverem figurar no Diário das Sessões.

Produção de manteiga nas seguintes cooperativas
(Em quilogramas)

[Ver Tabela na Imagem]

Divido esses números em três períodos: o primeiro, até 1940, data em que se começaram a desenhar os efeitos da organização industrial; o segundo, em que se nota já uma apreciável reacção, seguida a um natural esmorecimento, e o último, do 1943 a 1946, em que aumentaram bastante as quantidades de manteiga produzida.
Tomando as médias produzidas no segundo e no terceiro períodos, verifica-se facilmente que a Cooperativa de Aldren fabricou mais 5:745 quilogramas de manteiga, ou mais 148 por cento, a de Couto do Esteves mais 12:844 kg, 878, ou mais 273 por cento, e a de Sanfins mais 8:278 quilogramas, ou mais 244 por cento.
Julgo que são valores que se podem registar e traduzem bem o aumento de trabalho nestas cooperativas. De resto, esse trabalho maior seria ainda se não fossem as dificuldades postas ao seu funcionamento.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Isso tem a sua explicação, que pode ser a diferença de organização industrial.

O Orador: - Disse há pouco que inicialmente tinha havido como que um esmorecimento. Mas a ele se seguiu, de pronto, como que em legítima defesa, dado o forçado aviltamento do preço do leite, uma forte reacção, bem traduzida pelos números que apontei.
E é para notar que os sócios de tais cooperativas puderam valorizar o leite em 1$29 cada litro em 1943, em 1652(7) em 1944 e em 1570 em 1945.
Entretanto, a indústria só o pagava a preço bastante mais baixo.
Hoje paga-o apenas a 1$20 e ainda a 1$40, mas neste caso a maior parte do leite destina-se à produção de caseína.

O Sr. Querubim Guimarães: - Pelo mapa que aqui tenho vê-se que o preço é de 1$40 para o leite das vacas holandesas pago pela Cooperativa Agrícola do Vale