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25 DE MARÇO DE 1947 1047

O problema, nesse aspecto, já mereceu do novo Ministro da Economia medidas benéficas, que aquietaram os proprietários.
Mas a escassez de combustíveis, sobretudo do carvão, que os países de origem não podem dispensar, levar-nos-á porventura à expressão mais simples, ao desnudamento das nossas florestas, que eram uma das nossas principais riquezas.
Às consequências desse facto, tanto em madeira, que desaparece, como em erosões, que se multiplicarão, com assoreamentos dos rios cada vez maiores, põem-nos diante dos olhos tristes perspectivas.
Numa conferência proferida em 1940, nu Sociedade de Ciências Agronómicas, pelo ilustre director geral dos serviços florestais e aquícolas, lança-se já, em expressivos números quanto às matas do Estado, justificado alarme, quando se diz que, som considerar a propriedade particular, «as matas nacionais só por si já fizeram contratos com entidades oficiais è de interesse público, por força da guerra, referentes ao fornecimento do 106:520 metros cúbicos de madeira e 288:695 esteres de lenha, na importância global de 10:618.221§40.
Não me é possível no momento, nem o escasso tempo de que disponho, já demasiado gasto, mo permitiria, servir-me dos elementos que o Ministério da Economia, a meu requerimento e de outro nosso colega, forneceu à Assembleia.
A nossa situação em matéria de riqueza florestal, que era magnífica, como revela o quadro publicado na conferência aludida, que bem merece ser lida com atenção, modificar-se-á sensivelmente se continuarmos neste caminho. Portugal ocupa nesse quadro o 10.° lugar, com a percentagem de 26,2 por cento de arborização em relação à sua superfície total, no conjunto dos países europeus, muito acima da França, da Inglaterra, da nossa vizinha Espanha e de muitas outras nações.
O que será no futuro?
Sr. Presidente: não roubo mais tempo à Assembleia, que já está cansada de ouvir hoje tantos discursos.
E, pedindo desculpa a V. Ex.ª, Sr. Presidente, e à Assembleia de lhes ter já roubado muito tempo, termino dizendo que não sou pessimista. Por isso, afirmo que o País pode realmente dar-nos a certeza de possibilidades económicas que muito o valorizarão.
Uma vez aproveitadas realmente todas essas possibilidades e recursos, podemos marchar confiantes para o futuro, ao encontro do lema de Salazar: Tudo pela Nação, nada contra a Nação!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi cumprimentado.

O Sr. Bustorff da Silva: - Sr. Presidente: a minha intervenção no debate sobre as Contas Gerais do Estado de 1945 e as da Junta do Crédito Público é como que o corolário, o prolongamento natural da atitude que em fins de Fevereiro último assumi ao discretear acerca do problema monetário português no seu aspecto interno e externo.
Fiz então uma sucinta resenha da história da nossa moeda dos últimos quarenta anos; acompanhei, passo a passo, o desenrolar dos factos provocados pela guerra, os seus efeitos, as soluções que a ciência económica aconselhava e a sua aplicabilidade em Portugal; apontei a actuação do Ministério das Finanças ou do Governo e os resultados práticos admitidos e esbocei as possibilidades que a posição económica, elevada sobre tão fortes alicerces, autorizava que pudéssemos prever.
Fui então acusado por um ilustre Deputado desta Assembleia de crivar de censuras o Governo Nacional; sobre o mesmo discurso... concluíram outros que me
limitara a uma defesa, tocada da paixão profissional de um autêntico defensor entusiasta; e compreendeu o maior número, ou seja os que procuram ver claro, que, bem feitas as contas, nada mais fizera do que reconhecer que tudo havia decorrido nos limites possíveis de uma política económica e financeira de oportunidades, sucessivamente modificada à mercê dos imponderáveis que iam surgindo, mas que hoje, anos volvidos sobre esses factos, é facilmente criticável pelos conhecidos profetas do Passado, os profetas que no momento propício falharam com os ensinamentos e os comentários, em que só tardiamente abundam com teorizações sem compromisso.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora, fazendo pública confissão dos meus intuitos, devo informar que não usei da palavra nem para louvar nem para censurar.
Animava-me a preocupação de esclarecer e popularizar um problema grave da vida nacional, desnivelando-o do academismo em que era discutido, para o colocar ao alcance das inteligências sem preparação superior.
Nesse intuito recolhi elementos, estabeleci premissas, desenvolvi conclusões.
E em tudo, e por tudo, fiz-me dominar pelo escrúpulo de falar friamente, imparcial, objectivamente, com o supremo anseio de descobrir a verdade, estivesse ela onde estivesse.
A história pregressa dos acontecimentos utilizei-a para enquadramento do objectivo que constituía o ponto crucial do meu estudo. E esse era definir, com geométrica fidelidade, a exacta posição da nossa moeda no momento actual, para apurar se podíamos ou não confiar na salvaguarda do futuro.
Apraz-me registar a concordância que aqui mesmo recebi do nosso ilustre colega Prof. Pacheco de Amorim e a perfeita urbanidade com que tenho visto discutido o meu trabalho pelos articulistas de um semanário a que aludi com a bonomia de que só tem culpas um jeito pessoal que é já tarde para constranger ou modificar.
Cumpre-me, por conseguinte, insistir em que tudo que então afirmei está de pé, inalteràvelmente firme e demonstrado.
Concluído o balanço do activo da moeda portuguesa, não há dúvida de que as garantias-ouro que a valorizam e as possibilidades de movimentação que ela autoriza são as que enunciei nessa intervenção.
Comercialmente falando, elaborei e encerrei o inventário da situação económica e financeira portuguesa.
Iniciado o debate sobre as contas públicas, impende sobre mim o encargo de dizer o que penso sob a actuação dos respectivos administradores: o que se fez e o que a Assembleia Nacional e o País confiam que virá a fazer-se para que os recursos acumulados não se inutilizem.
É neste propósito que peço licença para abusar da paciência desta Assembleia por alguns momentos, que farei tão curtos quanto a extensão da matéria consinta.
E vamos a principiar.
Uma primeira afirmação obriga quantos procurem fazer a crítica das contas da Junta do Crédito Público ou das Contas Gerais do Estado: a da sua clareza e lealdade, completadas por um critério de arrumação perfeito ou de uma sistematização que facilita todas as indagações, sejam elas quais forem.
Prestada esta justiça e iniciando o exame pelas contas da Junta do Crédito Público, os respectivos resultados impelem-nos para conclusões inquestionàvelmente