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II SÉRIE — NÚMERO 15

para a ilha de Ataúro e as forças da UDT, derrotadas, são obrigadas a refugir-se na zona fronteiriça com a Indonésia. O Governo Indonesio, que até esta data em contactos diplomáticos e governamentais afirmava a sua posição de não ingerência, deixa claramente transparecer o seu não consentimento à situação de conflito e rebelião existente na ilha. De imediato, propõe ao Governo Português o envio de tropas indonésias para o território, alegando ser a única via para o estabelecimento de uma força multinacional para a manutenção da paz. O Governo Português contrapõe, só aceitando desde que essa força incluísse tropas indonésias, portuguesas, australianas e da Malásia.

A Indonésia desinteressa-se da proposta e rompe as conversações com o Governo Português.

Em Setembro e Outubro verificam-se as primeiras incursões terrestres: os partidários da UDT refugiados na fronteira são desarmados; as povoações de Balibó e Batugadé são tomadas; a povoação de Ma-liana, servida por um rudimentar aeroporto, capitula de seguida; a Rádio Kupang anuncia que a Indonésia está preparada para invadir Timor-Leste; as primeiras demonstrações de violência e morte verificam-se nestas povoações. O processo de invasão iniciava-se.

Nos dois meses que se seguiram, o Governo Indonésio preparou cuidadosamente a invasão e a 7 de Dezembro de 1975 é desencadeada uma ofensiva global, em que foram utilizados meios aéreos, terrestres e navais, tendo como alvo principal Díli, a capita! de Timor-Leste, sujeita a intensos bombardeamentos, efectuados a partir de aviões, de helicópteros e dos dezasseis navios indonésios ancorados no porto. Pela fronteira terrestre entram forças do exército; processa--se a largada de pára-quedistas. Estimam-se em dezenas de milhares o número de homens incluídos na operação. A invasão era uma realidade. Timor-Leste tinha sido ocupado pelas forças indonésias.

No entanto e apesar desta demonstração de força, não conseguiu o Governo Indonésio apropriar-se do domínio de todo o território. Apenas os principais centros populacionais e as suas vias de acesso são controlados e a progressão do exército indonésio efectua-se de uma forma extremamente lenta. A própria Agência Oficial de Informações da Indonésia (ANTARA) reconhece em 8 de Janeiro de 1978 que as forças do seu país apenas controlam um terço do território.

O antagonismo e rejeição das populações à permanência dos invasores gera, de imediato, uma resistência generalizada, confirmada pela resistência armada, que, após doze anos de ocupação, ainda hoje continua a manter o domínio de uma parte da ilha, especialmente nas zonas de Viqueque e Lospalos.

Após a invasão, é criado um governo provisório, com a anuência e participação dos partidos componentes do MAC, que, por sua vez, vêm a criar a Assembleia Representativa Popular de Timor Oriental.

Esta Assembleia, constituída por 37 membros, na sua totalidade designados pelo país invasor, «aprovou» a integração de Timor-Leste na Indonésia.

Em 17 de Julho de 1976, o Parlamento Indonésio, por unanimidade, considerou Timor-Leste como a 27." Província da República da Indonésia.

4 — Tômcr-lesle de 1975 a 197S. Svdação r» pSaito änternasiORs]

1975 — A Assembleia Geral e o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaram resoluções em 1.2 e 22 de Dezembro de 1975 que deploravam a acção da Indonésia, ao mesmo tempo que exortavam aquele governo a retirar prontamente as suas forças de Timor-Leste, enquanto fazia lembrar a Portugal os seus deveres e obrigações, como potência administrante do território.

1976 — Em Março, o Governo Português propôs è Indonésia a abertura de negociações. A Indonésia responde que o assunto era da competência do Governo Provisório de Timor-Leste.

Em Agosto, a Cimeira dos Países Não Alinhados, reunida em Colombo, afirma o direito do povo áz Timor-Leste à autodeterminação.

1977 — Em Fevereiro, [im Dum:, antigo cônsu! australiano em Díli, torna público um detalhado relatório sobre as atrocidades praticadas pelo exercite indonésio em Timor-Leste. Estes actos são publicamente reconhecidos por Adam Malic, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, que afirma: «Matámos 60 OCO a 80 000, mas libertámos 600 000».

Em Setembro, a Indonésia inicia nova ofensiva bombardeando os campos de cuitura do território fora do seu domínio.

Em Outubro, c Governo dos EUA reconheceu a ocupação de Timor-Leste.

Começa a sentir-se o flagelo da fome em cons2-quência da destruição das culturas.

Em Novembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova de novo urra moção para a autodeterminação para Timor-Lesíe.

Em Nova Díli, o Bureau efe Coordenação dos Não Alinhados reafirma c direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação, conforme as resoluções da Assembleia Gera' e dc Conselho de Segurança da ONU.

Em Dezembro, a Amnistia internacional critica a Indonésia por não permitir a entrada em Timor-Leste da Cruz Vermelha Internacional.

1S78 — Em Janeiro, a Austrália reconhece a integração de Timor-Leste na Indonésia.

Em Maio, o vice-presidente americano, Walter Mondale, confirma, em Jacar:a, a venda de dezasseis aviões AA-Skykavjks z Indonésia.

Em Havana, o Bureau de Coordenação dos Não Alinhados volta a reafirmar o direito do povo de Timor-Leste à autodeterminação.

Em Setembro do mesmo ano, uma delegação de embaixadores acompanhados de jornalistas visita Timor-Leste e fica chocada cem a miséria e o índice de mortalidade entre os Timorenses.

Em Outubro, parlamentares australianos pedem a entrada em Timor-Leste para Cruz Vermelha internacional.

Em Dezembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova uma resolução sobre o direito à autodeterminação do povo de Timor-Leste (65 veios a favor, 30 contra e 45 abstenções).

1979 — A indonésia permite que a Cruz Vermelha Internacional e o Catholic Relief Service entrem em Timor-Leste. Começam os programas de auxílio humanitário à população civil.