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II SÉRIE-C — NÚMERO 5

Não quero ser optimista, mas posso-lhe dizer que, com esta verba transferida pelo Estado, com a participação dos mecenas — que existem —, e com as receitas próprias que

0 CCB pode adquirir, talvez com uma gestão rigorosa eu pusesse de lado os números avançados pelos especialistas que contactou e me ficasse nos primeiros números.

Ou seja, estou convencido de que o Centro Cultural de Belém, quando estiver a funcionar em pleno, terá um orçamento de despesa — vamos ver onde se fixará — entre os 2 e os 3 milhões de contos. Pode dizer que é uma amplitude muito grande, que são parâmetros muito alargados, e que o CCB tem a obrigação, com a transferência do Estado, com as receitas próprias... Posso dizer-lhe que a exposição sobre Almada Negreiros está a decorrer muito bem em termos de afluência de público, o mesmo se passa com a exposição das naves russas, dos engenhos espaciais, o grande auditório tem estado sempre esgotado e o módulo

1 está a funcionar, em termos de congressos e reuniões, razoavelmente bem, ainda que não tão bem quanto gostaríamos.

Mas têm de reconhecer algo que é verdade: quantas pessoas esperariam, apesar de tudo, em termos de público, de imagem, de tudo isso, que o Centro Cultural de Belém fosse o sucesso que é? A verdade é que, quer se queira quer não, o CCB tem sido um sucesso considerável até agora, e os senhores sabem-no!

Há pouco, o Sr. Deputado André Martins dizia: «nunca me ouviu pôr em causa o Centro Cultural de Belém». Eu sei! Quando o senhor lá esteve até foi simpático, na intervenção que fez, em relação ao projecto. Mas também faço a pergunta: quem, hoje em dia, põe em causa o Centro Cultural de Belém? Não me venham dizer que, há um ou dois anos, ninguém punha. Eu sei o que passei nesta Câmara.

A Sr." Edite Estrela (PS): —Já estava construído!

O Orador: — Sr.a Deputada, mas se eu não concordasse com o CCB, mesmo já estando construído, sendo coerente, continuaria,a dizer: «está construído, o público gosta mas eu não gosto, sou contra». Se as pessoas fossem coerentes, ...

A Sr." Edite Estrela (PS): — Não é isso!

O Orador: — Eu sei que não é isso que se passa, mas se as pessoas fossem coerentes, era isso que deviam dizer. Mas já ninguém diz. Porquê? Sabemos que a política tem artes que a lógica desconhece...

A Sr.a Edite Estrela (PS): — Existem aí algumas incorrecções! '

O Orador: — Hoje em dia todos dizem: «até gosto; até é bonito; por dentro é melhor do que por fora; os espectáculos até nem são maus». Onde estão eles? Já não há ninguém contra o Centro Cultural de Belém? Está a veri Sr." Deputada?

Vozes do PCP: — Não é isso!

Protestos da Deputada do PS Edite Estrela.

O Orador: — Não digo que a Sr.a Deputada tivesse sido contra o CCB, mas também não era muito a favor.

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins.

O Sr. André Martins (Os Verdes): — Sr. Presidente,

o Sr. Secretário de Estado, hoje, decidiu vir vender o Centro Cultural de Belém.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — Não, não. Está a dar boas receitas, não vendemos!

O Orador: — É necessário que fique bem claro, Sr. Secretário de Estado — e dado que o que disse fica registado —, que nunca elogiámos o CCB. Das suas palavras poder-se-ia depreender isso.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — Eu disse que foi simpático!

O Orador: — Relativamente ao projecto, à sua localização, estamos em completo desacordo. Mas isso já está ultrapassado. O que neste momento se continua a pôr em causa é o seguinte: o Governo tem assumido a opção que tomou sobre o CCB — isso fica registado, os Portugueses andam, ao longo dos tempos, a registar isso mesmo—, mas, e o resto do património deste país, da nossa civilização, da nossa cultura? Como é, Sr. Secretário de Estado?

Solicitamos ao Sr. Secretário de Estado que, nesta altura, comente esta situação e nos diga — pode acontecer que isso venha a ter tradução em orçamentos futuros, se eles vierem a ser da responsabilidade deste Governo, apesar de neste orçamento não ter sido contemplado — o que pensa fazer.

Gostaria ainda que o Sr. Secretário de Estado nos dissesse o que pensa das questões que levantei sobre a Casa dos Patudos e o Museu da Fotografia e também o que está a Secretaria de Estado a fazer, ou em vias de fazer, relativamente ao património constituído pelos barcos tradicionais portugueses, uma vez que apenas autarquias da CDU estão a fazer um esforço — e o Sr. Secretário de Estado sabe-o — no sentido de não se acabar por destruir completamente pelo fogo algo que foi um património e é uma referência na cultura deste país.

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Sr.a Deputada Edite Estrela, tem a palavra para pedir esclarecimentos.

A Sr.a Edite Estrela (PS): — Sr. Presidente, necessito apenas de alguns segundos para fazer uma correcção.

Estou muito à vontade para dizer o seguinte: o que contestámos politicamente foi que o Centro Cultural de Belém devesse ser uma prioridade; foi o esbanjamento que representou esse investimento. Os custos dispararam, e todos sabem por que razão — e isso contestámos.

Houve, do ponto de vista pessoal, algumas pessoas que se manifestaram a favor ou contra o projecto, houve quem contestasse também a localização, mas esses não eram argumentos políticos. Pessoalmente — estou muito à vontade para o dizer, e devo ter sido das pessoas desta Casa que mais visitou o Centro Cultural de Belém —, reconheci, ainda era vivo o engenheiro Nuno Castro, que o interior do Centro me agradava, embora não gostasse do exterior. Mas reconheci que o interior me agradava e que iria ficar bonito.

Portanto, estou muito à vontade para dizer que nunca foram critérios estéticos que presidiram à nossa contestação. Agora o CCB existe, e mesmo que não fosse priori-