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27 DE NOVEMBRO DE 1993

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dade, mesmo que tenha representado esbanjamento, é preciso que se justifique esse investimento, ou seja, preenchendo-o com actividade cultura).

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Sr. Secretário de Estado, para responder, tem a palavra.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: —

Sr.a Deputada, eu não estava a pessoalizar mas, sim, a fazer uma apreciação gera), porque 6 bom que as pessoas

tenham memória. Não estou a dizer que a Sr.a Deputada

não tenha dito isso. Sei que tal é verdade, ouvi-a e conversámos sobre isso. Estava apenas a fazer uma apreciação geral. De facto, é bom as pessoas lembrarem-se, quando os problemas desaparecem, do que foi dito há um ano, uns meses antes.

O Sr. Deputado André Martins diz que construímos o Centro Cultural de Belém e não estamos a fazer o resto. Posso fazer-lhe uma pergunta? Há quantos anos não visita, por exemplo, o Museu de Machado de Castro, em Coimbra? Ou o Museu de Soares dos Reis, no Porto? São dois grandes museus do País, como sabe.

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Srs. Deputados, antes de mais, esclareço-vos de que estou a deixar a reunião decorrer desta maneira porque o Sr. Ministro da Justiça se foi embora, e a reunião que tínhamos com ele foi transferida para outra altura.

Sr. Deputado André Martins, tem a palavra para responder, se assim o entender.

O Sr. André Martins (Os Verdes): — Sr. Presidente, compreendo a disponibilidade que agora há.

Sr. Secretário de Estado, respondo à pergunta, naturalmente. Há já alguns anos que eu não vou a Coimbra, mas a questão, naturalmente, não se põe assim.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — Então deixe-me pôr mais uma, duas ou três.

Já visitou alguma das muitas dezenas (neste momento já são praticamente 100) de bibliotecas da rede de leitura pública que foram construídas entre o Estado e as autarquias?

O Orador: — Já, Sr. Secretário de Estado, mas vender não é o objecto desta reunião!

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — Mas porquê?

O Orador: — Não estamos aqui para elogiar — e penso que não era isso que V. Ex.a queria que nós, pelo menos os partidos da oposição, fizéssemos — algumas coisas que têm sido feitas.

O Sr. Secretário de Estado da Cultura: — O que o

Sr. Deputado disse foi: «Construiu-se o Centro Cultural de Belém e mais nada.»

O Orador: — Não disse isso!

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Este diálogo poderá ser feito depois, fora desta Comissão.

Sr. Secretário de Estado, agradeço-lhe que termine.

O Sr. Secretário de Estado da cultura: — Sr. Deputado, tenho pena que não haja, na Assembleia da Repú-

blica, uma figura regimental que, quando alguém não fosse rigoroso no respeito pela verdade, fizesse tocar um apito.

Risos gerais.

O Sr. João Corregedor da Fonseca (Indep.): — Era uma banda de apitos, de cada vez que o Governo cá vem!

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Nunca mais

ninguém se entenderia, Sr. Secretário de Estado, porque o

barulho seria tão grande...

O Orador: — Estão a ver como reagiram logo, Srs. Deputados...

O Sr. André Martins (Os Verdes): — E relativamente aos casos concretos que coloquei?

O Orador: — O Sr. Deputado tem de compreender que não lhe respondo só àquilo que quer.

Quanto aos casos concretos, digo-lhe o seguinte: é importante as pessoas terem uma noção destas coisas. É tudo muito divertido, mas no País nada se fez durante" décadas.

O senhor disse que não vieram aqui para elogiar o Governo e, na verdade, não é isso que queremos. O que quero é que V. Ex.a reconheça que, durante décadas, no País, não se fez nenhuma destas obras e nós estamos a fazer 326 intervenções no património nacional, só em relação aos monumentos que estão à nossa guarda, e temos milhares de monumentos.

O senhor pergunta-me sobre a Casa dos Patudos, em Alpiarça, e diz: «Já sei que não tem a ver consigo.» Sr. Deputado, não vou enumerar aqui a lista toda, mas por que é que não me questiona sobre diversos palácios e mosteiros, que o senhor não visita há anos, e onde estamos a fazer diversas obras? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras do Palácio de Queluz? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras do Palácio da Ajuda? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras na Cadeia da Relação? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras no Museu de Soares dos Reis, cuja nova ala vai ser inaugurada na próxima semana? Por que é que nãó me pergunta como é que vão as obras no Teatro de Garcia de Resende? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras no Teatro de Gil Vicente? Por que é que não me pergunta como é que vão as obras no Teatro de Viriato, em Viseu? Por que é que o senhor não debate comigo as opções feitas para essas obras?

Pelos vistos, prefere dizer: «Ainda há ali uma capela onde é preciso intervir.» Há milhares de monumentos, Sr. Deputado, mas não acho que essa seja a melhor maneira de debater o trabalho que está a ser feito.

Diz que construímos o Centro Cultural de Belém e mais nada.

O Sr. André Martins (Os Verdes): — Não disse isso!

O Orador: — Sr. Deputado, essa sua afirmação já nem sequer tem a ver com uma questão de injustiça.

O País precisa de um debate político, em que os problemas sejam colocados nestes termos: «Os senhores estão a fazer estas obras, fizeram estas opções patrimoniais e elas são erradas; as que deveriam ser feitas eram estas, estas e estas.» Era isso que deveria ser feito, Sr. Deputado.