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25 DE MARÇO DE 1947 1029

O Sr. Soares da Fonseca:- À oposição não; a uma oposição!
Há outras!

O Orador: - Completamente de acordo. Vou demonstrá-lo já a V. Ex.ª

O Sr. Carlos Borges: - As palavras proferidas por V. Ex.ª Sr. Deputado Botelho Moniz, exprimem bem o seu pensamento.

O Orador: - Muito obrigado a V. Ex.ª
Não será isto exemplo de patriotismo, de abnegação, de consciência e de independência perfeitas?
Objectam os nossos detractores que, além desta oposição flutuante e interna, existe outra, que não está representada entre nós.
As oposições ao Estado Novo poderão chamar-se externas, já porque muitos dos seus adeptos são servidores do estrangeiro (Apoiados), já porque outros, como nós integralmente Portugueses, se encontram no exterior da situação nacionalista e no exterior do Parlamento.
Fiel aos meus princípios de odiar o ódio, desprezo profundamente aqueles que odeiam a sua própria Pátria e são escravos de marechais estrangeiros. Quanto aos restantes, considero-me feliz porque nada de fundamental no ponto de vista da Pátria nos divida deles: nem quanto às pessoas, porque quase todos nós mantemos relações de amizade com antigos chefes militares das oposições exteriores e com muitos dos seus chefes políticos.
Por minha parte, ponho entre os primeiros e os segundos alguns dos meus amigos mais queridos.
Nem quanto aos princípios essenciais, relativos à existência da Pátria, porque somos portadores ou apóstolos das mesmas verdades axiomáticas, de dogmas políticos comuns ao Estado Novo e às oposições verdadeiramente nacionalistas: todos temos Portugal no coração, todos amamos as liberdades individuais, todos as subordinamos ao interesse colectivo, todos pugnamos pelo progresso social, todos respeitamos a crença religiosa alheia como melhor forma de exigirmos respeito pela crença própria, todos fazemos da família a base indiscutível da sociedade humana, todos compreendemos as vantagens das Corporações, todos admitimos o direito sagrado da propriedade e as limitações desse direito quando a Nação necessita invocá-las.
Nada de fundamental nos divide. Então que nos separa?
Ódio entre homens? Odeio o ódio. Mal entendidos e intrigas? Inadmissíveis para gente forte.
Questiúnculas de pormenor? Abdiquemos delas perante o essencial.
Desejo de retaliações e de vinganças? Constituem manifestação de egoísmo. São impróprias de quem se julga digno da missão de orientar e melhorar a moral dos povos.
Ausência de representação das oposições externas no seio da Assembleia Nacional? De quem a culpa?
Porque praticaram a falta de não se apresentarem às eleições? Não se queixem de nós. Queixem-se deles próprios. Sei que os homens mais viris e mais independentes das oposições confessam francamente o erro que estas cometeram e verberam a desorientação política ou o conformismo com atitudes estrangeiras que determinaram esse erro.
Sei que muitos dos situacionistas mais convictos e mais combativos lamentam que essa falta estratégica e táctica tenha sido cometida. Odeio o ódio, mas adoro a luta leal, patriótica, correcta, animada pelo velho cavalheirismo português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ela teria sido útil, dar-nos-ia mais coesão a nós, situacionistas, renovaria a chama da nossa mística e melhoraria a nossa actuação política, fazendo-a mais firme, mais tenaz, mais unida e mais constante.
Embora perdêssemos tempo a lutar, ganharíamos alma, vivacidade e experiência.
Por mais nefasta que seja a guerra, também tem suas vantagens.
O combate tempera os espíritos e os corpos, dá-lhe a rijeza e a maleabilidade do aço, que somente se conseguem na adversidade, na ânsia da vitória, na tensão
espiritual, que tanto mais nos eleva quanto mais alta é a missão a cumprir.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Maldita seja a guerra que destrói; bendita seja a luta que constrói e purifica!
Do erro das oposições externas fomos nós, situacionistas, as primeiras vítimas.
Consolem-se os nossos adversários com esta ideia.
Odeio o ódio.
A ânsia de batalhar na boa batalha eu que, findo o prélio, os adversários se abraçam fraternalmente, não significa risco de maiores divisões.
Pelo contrário, ambiciono que os desejos de Salazar se convertam em realidade. Para continuidade da obra salvadora, Portugal inteiro deve constituir-se, quanto mais depressa melhor, numa sólida frente nacional, que, apoiada firmemente no espírito nacionalista da armada e do exército, poderá completar a sua obra de pacificação social.
Façamos por esquecer dissidências pessoais e políticas. Quando haja que fazer oposição, exerça-se ela por forma levantada, nobre e patriótica, alheia a particularismos e a inferioridades, como nós a temos exercido nesta Assembleia, exemplo vivo de independência e de amor pela verdade.
Sr. Presidente: peço a V. Ex.ª, se digne permitir-me mais esta declaração: àqueles que não compreendem as nossas atitudes, acho que devemos responder: não vivemos em regime de partidos. Abominamos todas as manifestações de totalitarismo. Por isso também não queremos um partido único. Não somos Deputados governamentais. Não somos Deputados da oposição.
Somos, simplesmente, honradamente, calorosamente, a coisa mais bela que um ser humano pode ambicionar: portugueses!
Portugueses, por fiéis às tradições herdadas dos heróis de antanho, que, em passos de gigante, nunca ultrapassados, levariam a fé cristã do minúsculo condado de Portus Cal aos confins do Mundo ignorado.
Portugueses, porque somos leais e fidalgos em todos os nossos actos.
Portugueses, porque acima da política pomos a verdade, acima dos Governos pomos a Situação Nacionalista, acima das oposições colocamos ideais de unidade patriótica e acima de tudo isto vemos Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Portugueses, odiamos o ódio. Consequentemente, dirijo a Carmona e a Salazar, meus chefes e meus amigos, a súplica de um soldado que nunca será mais do que soldado: olhai em redor! Estamos ansiosos por ver traduzida em netos decisivos, firmes,