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24 DE JULHO DE 1984

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çalves Pereira, almirante Henrique Tenreiro, comandante Gervásio Leite, Dr. A. Castro Fernandes e diversos elementos ligados às forças armadas, banca privada, Legião Portuguesa, PIDE, função pública, Assembleia Nacional, Câmara Corporativa, etc, etc.

Apresentados estes elementos clarificadores do quadro leviano, degradante e irresponsável da ordem política em que o grupo SACOR manobrava, o signatário confiando inteiramente no salutar humanismo de V. Ex.", pede licença para apresentar os seguintes quesitos:

1) O grupo SACOR era uma instituição política

afecta ao regime;

2) Tinha 4 administradores por parte do Estado

e um delegado do Governo;

3) O Estado Português era accionista maioritá-

rio;

4) O Estado Português mandava, punha e dis-

punha a seu bel-prazer, em sistema ditatorial. Era uma empresa pública sui gene-ris;

5) Qualquer trabalhador que não participava

na jogada política do regime era pura e simplesmente votado ao ostracismo e, se possível, afastado drasticamente;

6) O signatário sempre foi considerado persona

non grata pelos dirigentes políticos do grupo SACOR, uma vez que nunca aceitou o cilindro capitalista;

7) Por consequência, o seu afastamento do

grupo não se processou em termos normais, mas sim constituiu saneamento político, sem justa causa no aspecto laboral;

8) Este saneamento político efectuou-se antes do

25 de Abril, ou seja, em Março de 1973, por consequência deve ser igualmente equacionado pela lei laboral de então;

9) Após a Revolução de 25 de Abril o signatário

confirmou, mais uma vez, o seu pedido de reintegração e de inquérito (sindicância) ao grupo SACOR, tendo este sido despachado favoravelmente pelo então Secretário de Estado da Indústria e pelo então Ministro da Justiça, inquérito esse que se tem arrastado, até agora, numa tendenciosa lentidão exasperante.

Quanto à sua reintegração o 2." parágrafo da carta de 31 de Julho de 1974 do então Secretário de Estado da Indústria (veja fotocópia junta) é muito claro e objectivo quanto às intenções daquele ex-membro do governo, mais exactamente, adentro da mais elementar justiça laboral, recuperar e reintegrar o signatário, conhecido lutador antifascista, cuja actuação vertical e contundente é eloquentemente demonstrada nas suas duas declarações de voto contra a tristemente conhecida comissão executiva do grupo SACOR (veja fotocópias juntas).

O signatário, licenciado em Economia e Finanças, não hesitou em denunciar anomalias e factos delituosos contemplativamente aceites e tolerados pelo então direc-tor-geral da contabilidade pública Dr. Au-

reliano dos Anjos Felismino, um dos intocáveis do regime salazarista e caetanista e um dos conselheiros espirituais da instituição política SACOR;

10) Teve o cuidado de sugerir nas suas declara-

ções de voto a urgente intervenção dos auditores do grupo, a conhecida firma internacional Price & Waterhouse.

Não era a lei que recomendava, mas era a longa e triste experiência que o aconselhava em defesa dos trabalhadores e dos pequenos e médios accionistas;

11) Sempre repudiou peremptoriamente a partici-

pação de accionistas pintados nas tais assembleias gerais escandalosamente pré--fabricadas, tendo afirmado frontal e contundentemente (em reuniões muito exaltadas) ao líder desses accionistas pintados, Prof. Armando Marques Guedes, ao presidente do grupo SACOR, Prof. João Lum-bralles, ao administrador por parte do Estado, engenheiro Duarte Freitas do Amaral, e ao delegado do Governo, engenheiro Costa Macedo, que tal «máfia empresarial» constituía uma afronta e um ultraje aos mais elementares princípios de dignidade humana e profissional, mais exactamente um ostracismo tendencioso e degradante ao espírito da Declaração Universal dos Direitos do Homem, consubstanciada na Acta de Helsínquia;

12) A sociedade portuguesa que votou no go-

verno AD (social-democrata e democrata--cristão) confiou inteiramente na justiça social, no respeito pela pessoa humana, na dignidade no trabalho, na paz, na esperança e no amor tão apregoados durante a campanha eleitoral. Entretanto os clubes políticos vão jogando e sobrevivendo com os seus acordos de amizade e consulta interdependentes, e assim continua impune um escândalo nacional perante a incrível complacência do Governo AD.

Refiro-me, mais exactamente, ao alucinante espectáculo de prostituição cívica, moral e política que o oportunista Palma Inácio está a dar com o seu impecável curriculum criminal — assalto e roubo de milhares de contos ao Banco de Portugal na Figueira da Foz —, encontrando-se confortavelmente instalado como director de de Relações Públicas no Ministério do Trabalho.

É este o exemplo que a AD julga conveniente dar à jovem democracia portuguesa?

£ esta a imagem que damos aos nossos filhos, para acreditarem no futuro deste desgraçado País!

Ê neste ambiente amolecido de laissez jaire, laissez passer e de excessiva con-temporização que temos governo para 4 anos?

Sem dúvida alguma que o malogrado Francisco Sá Carneiro, com a sua incon-