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II SÉRIE — NÚMERO 47

instituições — e não estou a falar do tipo A, do tipo B, isto é, não estou a defender uma forma específica — verificou-se nos dois ou três casos em que efectivamente se chegou à prática e que têm um interesse muitíssimo grande, sendo verdadeiros centros potenciadores de articulações, isto é, sendo catalisadores com um grande impacte. Portanto, suponho que a reprodutividade desse tipo de instituições, que, aliás, admite soluções variadas — e são das mais variadas as soluções que têm sido adoptadas ou previstas —, justificaria uma verba superior a 25 000 contos.

Sucede ainda que esta verba se inscreve num orçamento que implica, em apoio à actividade industrial e à actividade económica geral, vários milhões de contos.

Assim, pergunto: estes 25 000 contos, num total de cerca de 8 milhões de contos, representam a decisão final e ponderada deste governo sobre o interesse relativo deste tipo de iniciativas?

O Sr. Presidente: — Se desejar responder já, tem a palavra, Sr. Ministro.

O Sr. Ministro da Indústria e Comércio: — Em primeiro lugar, não são só estes 25 000 contos. Quando fiz a decomposição de tal verba de 500 000 contos que está no Gabinete do Ministro, verificou-se que havia 300 000 contos para apoio ao desenvolvimento dos centros tecnológicos. Porém, diria que, mesmo assim, é muito pouco.

O problema é outro. Nós pensamos, neste Ministério, que os centros tecnológicos, à semelhança do que também foi dito pelo Sr. Deputado João Cravinho, podem ter uma importância muito grande; podem ser um elemento dinamizador muito grande. No entanto, o seu desenvolvimento e o modo de os relançar têm de ser ponderados.

No pouco tempo que temos de governo já visitei dois dos que existem a funcionar, os quais considero um bom exemplo do que se deve fazer: o Centro Tecnológico do Calçado e o Centro Tecnológico da Metalomecânica.

Sobretudo, considerei modelar o do calçado, pois foi desenvolvido em conjunto com os industriais. Começaram por fazer um primeiro laboratório onde foram formar pessoal — foram chamar jovens licenciados e preparam-nos ali. Portanto, uma das razões do dinamismo do sector do calçado é este pequeno centro tecnológico, que cresceu com os industriais, com o Estado, formando gente, etc.

Portanto, este tipo de centros tecnológicos que se vão desenvolvendo — já tiveram duas fases de investimento, a segunda das quais apoiada pelo IAPMEI, estando em preparação uma terceira fase — foram crescendo à medida das necessidades e formando pessoal ao mesmo tempo.

Em contrapartida, já não concordo com uma certa euforia que se tinha criado no fim do ano passado nos centros tecnológicos — centro tecnológico por centro tecnológico. Estávamos a criar obras — enfim, não vou comparar com o Gabinete da Área de Sines e outros — de fachada. Portanto, temos de os fazer à medida das necessidades, em conjunto e formando pessoal. Isto porque fazer um edifício gigantesco, começar a meter lá umas coisas e ir depois buscar pessoal que se leva cinco ou seis anos a formar está completamente errado.

Em resumo, dois bons exemplos que conhecemos são os do Centro Tecnológico do Calçado e do Centro Tec-

nológico da Metalomecânica, os quais vamos apoiar e desenvolver. Quanto aos outros, a ideia é boa. Tem é de ser feita à medida das necessidades e não se tornar, pelo contrário, uma obra de fachada.

O Sr. João Cravinho (PS): — Dá-me licença que o interrompa, Sr. Ministro?

O Orador: — Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. João Cravinho (PS): — Em todo o caso, julgo que há um aspecto que não foi considerado nas suas palavras.

Os centros tecnológicos a que se referiu são de natureza vertical, isto é, apoiados sobre uma estrutura sectorial qualquer e reunindo representantes e recursos empresariais com recursos públicos. De facto, todo o calçado é modelar ou, pelo menos, bastante bom; a indústria é muito dinâmica e necessita ser apoiada.

O Orador: — Exacto, é um bom exemplo.

O Sr. João Cravinho (PS): — Agora há um outro tipo de centros que é relativamente novo.

Os centros tecnológicos que estamos a fazer foram primeiramente pensados há cerca de vinte anos — em 1963. Conheço esse «filme» porque fui eu que, em primeiro lugar, os propus aqui em Portugal — como toda a gente propõe as coisas —, importando-os de França. Porém, o que sucede é que os centros tecnológicos, que ainda hoje são úteis em Portugal, já não o são em França ou nos países mais avançados — temos um longo caminho a percorrer.

No entanto, os outros países têm instalado nos últimos anos um novo tipo de centro tecnológico, baseado nas tecnologias horizontais, que são capazes de fazer a articulação e, se quiser, a dinamização da infra--estrutura tecnológica não de uma indústria, mas de várias indústrias, usando precisamente uma tecnologia infra-estruturante, uma tecnologia comum — é o caso das tecnologias de informação.

Esses centros de tecnologia de informação a que me estou a referir destinam-se precisamente a dar um salto em frente — não é a perspectiva vertical, mas a horizontal. São centros que precisam de poucos recursos, que necessitam, sobretudo, de gente muito dinâmica, com grande capacidade de realização e com uma certa visão à frente, e que precisam de reunir não só os interessados de um sector, mas, acima de tudo, as forças vivas da iniciativa numa região.

Os dois centros de tecnologia de informação a funcionar são, neste momento, um deles o do Funchal, que, por circunstâncias um pouco peculiares, tem feito uma obra notável e tem grandes condições para prosseguir, e o outro é o do Minho. Porém, existem planos para fazer mais três ou quatro.

Cada centro destes representa um investimento da ordem dos 30 000 ou 40 000 contos, dos quais cerca de 15 000 contos vêm de empresas, nomeadamente de empresas que dão equipamento informático. No entanto, vejo aqui inscritos somente 25 000 contos.

Suponho que, se em vez de 25 000 contos, esta verba fosse de 50 000 contos, o Estado não ia à bancarrota; o Ministério da Indústria e Comércio, em 8 milhões de contos, não teria talvez a noção de que estava a sabotar a boa disciplina das finanças públicas e faria uma coisa muito importante: fazer, em vez de uma só