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15 DE DEZEMBRO DE 1992

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reconheceu e basta falar com as pessoas, em vez de se limitar a ler jornais exóticos, para se compreender que somos respeitados no SME.

Esta situação para um país pequeno, mínimo, que ainda há pouco estava atrás da Grécia não pode deixar de nos encher de patrioüsmo e penso que aqui falo por todos os Srs. Deputados. Aliás, temos de senür patriotismo pelos nossos compatriotas que durante longas horas defendem tenazmente as suas posições, um pouco como nós estamos a fazer aqui, cada qual na sua posição, só que há quem não tenha razão e nessa altura a teimosia é mais difícil de suportar. Mesmo assim, os nossos compatriotas têm-na suportado ao longo destas noites até se chegar a um coasenso, que tem sido sempre viabilizado

Agradeço as suas palavras e chamo a atenção para o conceito de solidariedade aqui trazido pelo Sr. Deputado Rui Carp. A solidariedade dentro do SME é, de facto, muito importante, mas está a ser ameaçada e sabem porquê? Pelas fugas para a imprensa — é verdade! — e não só as fugas para o Frankfurter Allgetneine Zeitung. Essa situação preocupa muito o funcionamento de Uxlo este processo porque há quem pense que a solidariedade está ameaçada, o que dá razão às dúvidas que foram postas anteriormente.

No entanto, mais uma vez consideramos que o interesse nacional é melhor servido pela nossa participação usando as regras do jogo do que qualquer outro aventureirismo que não poderíamos impor aos Portugueses por mais confiança que tivessem — e têm — nas nossas capacidades.

Relaüvamente ao nervosismo da oposição, também reparei nele, Sr. Deputado, mas penso que não é necessário estar aqui a elaborar sobre isso.

O Sr. Deputado Rogério Martins falou-nos do futuro e do franco francês. V. Ex." tem razão em falar do franco francês. Falei da libra irlandesa e da coroa dinamarquesa porque me pareceu que eram mais relevantes, dado que, como bem sabe, através de rumores para a únprensa que foram muito mal vistos em Bruxelas, eram os tais candidatos ao grande realinhamento. Mas, no caso do franco francês, ninguém pensou nisso e, no entanto — cá está!—, o Sr. Deputado tem toda a razão, leu bem, a^o há dúvida nenhuma de que o franco francês hoje, e segundo informações do mercado, estará a intervir.

Mas — atenção! — o franco francês foi o grande vencedor da batalha de Setembro e, por isso, falar nele ou é para criar um alarmismo não muito útil nesta altura ou então é por considerar que a situação está mesmo nas vésperas de uma nova catástrofe. Dentro destas duas leituras prefiro a que foi transmitida muito veementemente para o exterior depois do almoço dos ministros: que este realinhamento é sustentável e reforça a credibilidade do sistema. Esta é a nossa convicção!

No entanto, não escondo ao Sr. Deputado Rogério Martins, que é conhecedor destas questões, que todos os ministros dos Doze e do,s Sete e todos os responsáveis nesta matéria estão apreensivos com os mercados cambiais. Quer dizer, nós não peasamos que se vá assistir a uma situação como a que se viveu no Setembro fatal. Não queremos pensar que esta reunião do ECOFLN foi como a reunião de Bath, mas, sempre que há disputas públicas entre alguns dos membros da Comunidade Europeia e que um dos membros é aquele em que a língua-mãe é a do jornal que o Sr. Deputado teve a bondade de citar, temos de ficar apreensivos porque a tal solidariedade começa uúvez a esfarelar-se.

Todavia, onde me afasto claramente do Sr. Deputado Rogério Martins — não me cusut muito, regi.sto-o — é em pensar que as pessoas também não têm consciência disso e

que não vão, elas próprias, encontrar um modo de comunitariamente resolver as suas diferenças, o que até agora tem sido sempre feito.

Assim, apesar de aceitar o elemento de introduzir o franco francês, que dá, de facto, uma gravidade maior se nós o levarmos a sério do que duas divisas que são muito pequenas, não faço a leitura alarmista que o Sr. Deputado faz. Porque, apesar de a solidariedade do SME, a que já fizemos referência estar a ser desafiada todos os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais têm consciência de que ela é um bem precioso. Portanto, há aqui, digamos, uma força uma acção, mas também há uma reacçã — e agora estou a falar em termos de química e não de política.

De qualquer modo, não quero deixar de registar este interesse pelo franco francês. Julgo ser um bom ponto para a discussão e só não o mencionei porque não tem directamente a ver com as moedas que eram supostamente candidatas ao realinhamento. Agradeço que tenha trazido este ponto para o debate, mas, de facto, afasto-me completamente da inferência que faz, porque é uma inferência desesperada é pensar que as pessoas não se apercebem de que têm de ter a solidariedade. Aliás, esta posição seria como que um «deixar cair os braços» perante o ataque especulativo. Penso que a França mostrou, em Setembro e em colaboração com a Alemanha uma colaboração muito bem sucedida, que foi capaz de lutar contra os especuladores.

A Sr." Deputada Helena Torres Marques teceu umas considerações, mas gostava de salientar a afirmação que fez de que todos sabiam que isto ia acontecer. Se assim foi, ainda bem que o disse, porque me inclui. Portanto, quando encontramos um responsável partidário a citar declarações do Ministro das Finanças que se referem as desvalorizações como sendo prova de impotência e admitindo que todos e ele próprio já sabiam que haveria naquele fim-de-semana o realinhamento, isso dá uma cor muito mais humana a essa situação. Mas esse facto surpreendeu-me porque não estou habituado a ser citado com essa exactidão. Evidentemente, aquelas declarações que foram feitas no contexto da discussão do Orçamento tinham a ver com as desvalorizações tipo FMI e, como todos sabiam que ia haver um realinhamento, não pode haver confusão. Portanto, agradeço, Sr." Deputada essa louvável intenção.

Outro aspecto um pouco mais técnico que a Sr." Deputada referiu foi o de o Banco de Portugal contrariar esta política. Isso alo tem razão de ser absolutamente nenhuma e eu gostava que ficasse muito claro. O Comité Monetário t composto, já o disse e repito-o, pelos representantes, normalmente os directores-gerais do Tesouro e do banco central, dos 12 países de Comunidade e ainda por dois representantes da Comissão Europeia Mas, nalguns casos, quando um país quer investir muito naquele órgão colegial, nomeia a nível de govemo e a nível de vice-govemador — é o caso de Portugal e da Alemanha. No entanto, as decisões são unânimes e envolvem o Tesouro e o banco central.

Quanto ao acesso que o Sr. Deputado Rui Carp tem às verbas, preferiria não responder, porque penso que o que o Sr. Deputado fez foi citar não o Frankfurter Allgemeine Zeitung, mas uma série de jornais que todos nós usamos e percorremos diariamente como parte da nossa actividade profissional. Só que as verbas, as mais das vezes, estão completamente erradas — e até citei o governador que disse isso mesmo — porque são matéria que não se divulga. No entanto, é matéria que circula no mercado e que observadores aaidáníco-paruu^íríos pòem em percentagem da manem mais delirante, que só gera riso naqueles que a conhe-