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II SÉRIE-C — NÚMERO 5

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — De facto, o Sr. Ministro não disse uma coisa muito simples: que queria também ouvir a versão dos estudantes e dos Deputados que estiveram «lá em baixo» a apanhar pancada!

Aplausos do PS.

Neste momento, registaram-se aplausos do público presente nas galerias.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Segunda questão,...

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Sr. Deputado, um momento só...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Deixe-me acabar, Sr. Presidente!

Segunda questão: o Sr. Ministro não pense que pode dividir a bancada do PS porque os Srs. Deputados Jaime Gama e Eduardo Pereira estiveram na reunião do Grupo Parlamentar do PS onde a decisão foi tomada!

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Sr. Deputado, não lhe dou neste momento a palavra.

Devo informar que o público presente nas galerias não se pode manifestar...

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — É de todo o Partido Socialista a decisão que foi, há pouco, tomada!

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Mandarei evacuar o público presente nas galerias se se voltar a repetir qualquer intervenção durante o debate.

Sr. Ministro da Administração Interna, agradecia que continuasse no uso da palavra.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): — Muito bem! Impo-nha-se a ordem!

O Orador: — Sr. Deputado Ferro Rodrigues, o que lhe quero dizer — faço-o, aliás, com alguma tristeza — é que nesta matéria, como noutras, o que se nota das suas palavras é que o Partido Socialista não está preparado para ser Poder em Portugal. Não tem jeito para ser poder em Portugal, e vou explicar-lhe porquê!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Se o Poder é isto, não

está!

O Orador: — Não, não é isto! Ser capaz de ser Poder é diferente! É ser capaz de ter outra postura, coisa que os senhores, nesta matéria, não são capazes de revelar! Isso é que é ser capaz de ser Poder.

Sr. Deputado Ferro Rodrigues, o que lhe vou dizer é o seguinte: pedi que me fosse fornecido um relatório mais circunstanciado, o que é normal da parte de um governante! Tal como é normal que, caso esse relatório aponte que houve falhas, se mande fazer o inquérito: ouvir uma e outra parte e, só então, reunir todos os elementos. E, portanto, eu não podia ainda ter dado esse passo.

No seu julgamento precipitado sobre esta matéria, o Sr. Deputado diria, como Ministro: «Meus amigos, agora quero ouvir já a polícia e os estudantes.» Sr. Deputado, tal atitude é de quem não está preparado para ser ministro nem para ser Poder!

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Orador: — Essa situação exige outra postura! E a

postura é esta: pedir um relatório mais circunstanciado e,

no caso de haver indícios naquele relatório de que a polícia agiu precipitadamente e sem ser de acordo com aquilo a que está obrigada numa situação destas, então o que devo fazer, como Ministro, é mandar fazer um inquérito e, no âmbito desse inquérito, obter mais dados e, então, decidir!

O Sr. Deputado não pode ser ministro e, por isso, nesta matéria, o PS não pode ser Governo...

O Sr. José Magalhães (PS): — Mas agora decide quem pode ser ministro?!

O Orador: — O que o senhor faria, como Ministro, era chegar — ontem à noite — às câmaras de televisão e dizer «Eu sou o Ministro da Administração Interna e venho aqui para condenar a polícia porque 'carregou1 sobre os estudantes. Amanhã ouvirei os estudantes e a polícia.» Sr. Deputado, não é modo de se ser Governo!

Há um abismo entre a nossa e a vossa postura. Um abismo!

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Ah, isso é verdade!

O Sr. Carlos Coelho (PSD): — Entre demagogia e responsabilidade!

O Orador: — Mas, infelizmente, a vossa postura não dá para que os Portugueses vos confiem o Poder. É o que tem acontecido, Sr. Deputado!

O Orador: — Os Portugueses durante anos e anos e anos não lhes têm reconhecido capacidade nem sequer o bom,senso para poderem lidar com estas matérias e, por isso, as entregaram a nós!

Vamos esperar que, daqui as uns tempos, os Portugueses julguem a nossa e a vossa atitude.

Aplausos do PSD.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Durante 40 anos foi esse o discurso da Democracia Cristã!

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Srs. Deputados, vou dar a palavra, por três minutos, a um representante de cada grupo parlamentar, para darmos por concluídas estas intervenções.

O Sr. Carlos Coelho (PSD): —Muito bem!

O Sr. Presidente (Guido Rodrigues): — Uma vez terminadas as intervenções, iniciaremos a discussão do Orçamento do Estado para 1994.

Tem a palavra o Sr. Deputado Octávio Teixeira.

O Sr. Antunes da Silva (PSD): — E o Orçamento, Sr. Presidente?!

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): — Talvez o Sr. Deputado possa ir tomar uma bica enquanto não começa o

«seu» Orçamento! Protestos do PSD.