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11 DE FEVEREIRO DE 1941 192-(21)

Acentuam-se neste quadro os dois anos em que a crise económica mundial feriu mais intensamente a vida portuguesa: 1931 e 1932. Por voltas de 1933 estavam de novo em progresso ascendente tanto a importação como a exportação, embora os valores reais referidos ao ouro fossem consideravelmente menores.
Em pareceres anteriores foi analisada com bastante pormenor a cadência da balança comercial, entrando nessa análise o factor da depreciação da moeda relativamente ao período anterior ao contrato com o Banco de Portugal, em 1931, e à própria valorização do ouro que foi consequência da inclusão do escudo na área do esterlino.
Os efeitos desta política já foram mencionados, e, em grande parte, dela resultou melhoria na balança comercial depois dos anos de crise.
A importação vem deminuindo desde 1937, que foi ano de maior volume no comércio internacional. Apesar de circunstâncias, até certo ponto favoráveis, em 1938, não atingiram os valores do ano anterior nem a importação nem a exportação. As cifras constam do quadro que segue, em toneladas e em contos:

(ver tabela na imagem)

21. Os factos mais, animadores revelados pelos números acima transcritos são os que provam terem aumentado em tonelagem os importações de matérias primas e deminuído as de substâncias alimentícias. As últimas desceram porque desceu considerávelmente a importação de trigo para o continente e ilhas.
As importações dêste cereal nos últimos anos indicam tendência errática e irregular quando comparadas com o que foi fornecido para colheita e venda, como se lê nas cifras seguintes, em toneladas:

Importação e colheita de trigo

(ver tabela na imagem)

Se se tiver em conta que em 1936 se exportaram 125:000 toneladas do excesso das colheitas anteriores, os totais acima mencionados mostram que desde 1931, inclusive, as importações montam a pouco mais de 21:000 toneladas por ano. Os resultados baixos dos últimos anos, que não se verificaram em 1940, foram em parte devidos ao uso de milho que é adicionado ao trigo porificado.
A quantidade de milho consumido em pão, depois de adicionada a farinha de trigo, foi a seguinte, nos últimos anos, em quilogramas:

1937 ........................... 3.329:290
1938 ...........................24.923:247
1939 ...........................19.510:445
1940 (até 15 de Dezembro) ..... 17.717:023

O País está longe de produzir trigo para seu consumo, apesar da intensidade da propaganda e dos auxílios que por diversas formas o Estado tem prestado à lavoura trigueira. As duas grandes colheitas de 1932 e 1934 deram sobras para algum tempo, as quais contudo não puderam ser integralmente aproveitadas no País, visto ter surgido a necessidade de exportar parte do que existia. Não desanima, porém, o Ministério da Agricultura o espera-se que a lavoura corresponda ao esforço despendido pelo Estado. Mas a experiência já dura anos e mostra que muitos dos terrenos em cultura do trigo terão de ser destinados a fins mais rendosos no futuro. O problema ainda não teve início de realização e há que estudá-lo longamente para não cair nos efeitos que teve a política seguida até agora e que já vem dos fins do século passado.
O diferencial do trigo rendeu pouco em 1939 e esse pouco deve ser ainda abatido ao total dos impostos indirectos, visto ser destinado à liquidação do prejuízo que deu o trigo exportado. Felizmente que já está quási pago esse prejuízo e espera-se ver o assunto arrumado um 1940.

22. Mas dos impostos indirectos os que mais interessam à vida financeira do Estado, como acima foi visto, são os que dizem respeito à importação de vários géneros e mercadorias. Produzem muito mais do metade do total deste capítulo.
A média por ano, em 1939, andou à roda do 36:000 contos, e como eles recaem sôbre a variedade de quási todos os produtos importados, com excepção daqueles que na tabeliã atrás descrita se individualizam, a deminuição da importação traz logo o decréscimo de receitas, sobretudo quando as restrições à importação influenciam apreciávelmente os grandes produtores de direitos, que são automóveis, gasolina e açúcar.
Os números de 1940 acusam já apreciável baixa nesta rubrica. A quebra nos meses de Setembro, Outubro e Novembro foi muito grande e se não fôra o bom rendimento dos primeiros meses, em parte devido a circunstâncias inesperadas, seria muito maior a deminuição. Contudo a média mensal, em 1940, não deve atingir 30:000 contos. E se persistirem as condições adversas, agora prevalecentes, o ano de 1941 vai ter desastroso rendimento nos direitos de importação.